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  • Foto do escritorRicardo Pinho

Exercício físico e resiliência fisiológica: requisito indispensável para o pré-tratamento de doenças


Ao longo dos últimos 23 anos, eu e meu grupo temos nos dedicado a investigar o papel do exercício nas doenças crônicas, conforme documentado (ver https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=pinho+ra&sort=date). Os resultados desses trabalhos têm reforçado a ideia, também defendida por muitos outros pesquisadores, de que os efeitos do exercício são tão eficazes no tratamento quanto na prevenção de doenças diversas, e, em particular, na resiliência fisiológica para enfrentar os desafios das doenças crônicas. Isso quer dizer que incorporar o exercício físico na rotina diária é fundamental para preparar os indivíduos para lidar com os desafios fisiológicos associados às doenças crônicas.


Os benefícios observados são amplos e abrangem diferentes aspectos da saúde. Um dos efeitos significativos do exercício é a melhoria da saúde metabólica. O exercício regular tem sido associado ao aprimoramento da sensibilidade à insulina, à regulação do metabolismo da glicose e à influência positiva nos perfis lipídicos. Esses efeitos têm um impacto direto na prevenção e controle de distúrbios metabólicos, como obesidade e diabetes, contribuindo para a redução do risco e da gravidade dessas doenças. No contexto das doenças cardiovasculares e vasculares, o exercício tem se mostrado eficaz na redução da pressão arterial, na melhoria da função endotelial e na promoção de um funcionamento saudável dos vasos sanguíneos. Esses benefícios são cruciais para manter a integridade dos vasos e reduzir o risco de complicações cardiovasculares. Além disso, o exercício desempenha um papel significativo na redução dos efeitos colaterais do tratamento de diferentes tipos de câncer. A prática regular de exercícios pode mitigar os déficits cognitivos e a fadiga relacionada ao câncer, além de melhorar a função imunológica e fortalecer o organismo contra os efeitos colaterais dos tratamentos. Não menos importante, as intervenções de exercício voltadas para o fortalecimento muscular têm apresentado resultados imprescindíveis para a manutenção da independência física durante o tratamento de doenças e na qualidade de vida geral. O exercício resistido, por exemplo, estimula o ganho de massa muscular, melhora a força e a capacidade funcional, além de auxiliar na prevenção da perda muscular relacionada ao tempo de internamento bem como ao envelhecimento.


Além dos benefícios do exercício físico por si só, é importante ressaltar o papel sinérgico que ele desempenha em associação ao uso de medicamentos no tratamento de doenças crônicas. Estudos, incluindo os nossos, têm demonstrado que a combinação de exercício regular com terapias farmacológicas pode potencializar os efeitos positivos e melhorar os desfechos clínicos. Por exemplo, em doenças cardiovasculares, a prática de exercícios pode otimizar a resposta ao tratamento com medicamentos anti-hipertensivos, resultando em uma maior redução da pressão arterial. Da mesma forma, em doenças metabólicas, como diabetes tipo 2 e nefropatia, a combinação de exercícios com medicamentos hipoglicemiantes pode levar a um melhor controle glicêmico e à redução da necessidade de doses elevadas de medicamentos. Portanto, o exercício físico não deve ser visto como uma alternativa isolada, mas sim como uma terapia complementar que pode potencializar os efeitos dos medicamentos e proporcionar benefícios adicionais aos indivíduos que enfrentam doenças crônicas.


Em conclusão, a incorporação de exercícios regulares na fase pré-tratamento é uma estratégia fundamental para construir uma base sólida de força muscular e fortalecimento dos sistemas fisiológicos como um todo. Essa base fortalece os indivíduos, tornando-os mais resilientes para enfrentar os desafios impostos pelas doenças crônicas. Esses efeitos podem promover melhor gerenciamento das doenças crônicas e potencialmente melhorar os resultados do tratamento. É importante destacar que a escolha do tipo de exercício, sua duração e frequência devem ser individualizadas, levando em consideração as características específicas de cada doença e as condições de saúde de cada indivíduo. Para tanto, é necessário ter anuência do seu médico e consultar um profissional especializado como um profissional de educação física, médico do esporte ou um fisioterapeuta, para obter uma prescrição e orientações adequadas e seguras. Portanto, incentivar a incorporação de exercícios na rotina diária, de forma personalizada e supervisionada, é essencial para fortalecer a capacidade do organismo em enfrentar os desafios impostos pelas doenças crônicas, melhorar a qualidade de vida e potencializar os resultados do tratamento.


Por Ricardo A. Pinho, PhD

PPGCS/Escola de Medicina e Ciências da Vida/PUCPR


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